sábado, 4 de março de 2017

Uma carta do Intendente do município de Oriximiná – 1900

Não fora o respeito que consagro ao público oriximinaense, com o qual convivo há onze anos, merecendo-lhe as mais robustas provas de consideração, não me abalaria a articular palavra com relação a umas tantas aleivosias que a meu respeito vomitou o “República” em seus números 240 e 251, já por conta própria, já por conta de uma correspondência que diz ter recebido de aqui, assinada por “O Vigilante”.

Pois bem! Ao “República” não darei resposta porque não descerei a sustentar polêmica com quem só conheço pela companhia difamatória a que se entrega diariamente contra os poderes constituídos, não sendo, portanto, de admirar que invista também contra a minha humilde pessoa, na qualidade de intendente deste futuroso município, onde ultimamente tem aparecido os representantes do aludido jornal no revoltante interesse de comprarem espíritos, conseguindo aquisição de um que deixaram a seus serviços. A este, porém, que deve ser o “Vigilante”, peço, como cavalheiro que sou, para declinar o seu nome, pois só assim poderá fazer jus a uma resposta digna.
Costumo viver às claras, e jamais afivelei a máscara da hipocrisia de que muitos procuram tirar partido, deixando assim respondidas as tais publicações, até que “O Vigilante”, que já demonstrou seu deturpamento moral, demonstre também seu físico.
Oriximiná, 12 de janeiro de 1900.

Emygdio Martins Ferreira – Intendente Municipal.

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