sexta-feira, 21 de julho de 2017

Sobre o serviço de energia elétrica em Santarém – 1948


Depois do lamentável colapso do serviço de luz e força desta cidade, verificado em fins de maio último, com um “black out” de mais de uma semana, aliás por nós há muito previsto em vários artigos deste jornal, o sr. Vice-prefeito em exercício, num esforço digno de menção, procurou remediar a situação, designando pessoas competentes para, sob a orientação do sr. Gerente daquele departamento público, reformar ali o que fosse necessário, substituindo as peças inutilizadas pelo incidente.
Também foram adotadas algumas medidas acauteladoras contra os que usam e abusam do consumo de energia. E o resultado destas diligências não se fez esperar. A luz melhorou consideravelmente. A iluminação que se não obtinha com uma lâmpada de 60 velas por 120 volts, agora é superada por uma de 15 velas por 220 volts.

É intuitivo que este padrão deverá ser observado fielmente para que possa ser conservado em benefício geral. O interesse público reclama que assim se faça.
Infelizmente, a incompreensão ou a má fé de muitos, age de modo contrário. Pois, como é sabido, foram delimitadas quantidades exatas de energia para o consumo de acordo com as necessidades de cada contribuinte. A comissão encarregada da revisão geral teve de realizar um trabalho de mouro para bem cumprir a sua missão. A administração municipal, por sua vez, desdobrou-se em expedientes de emergência para que a população, com a reforma adotada, fosse bem servida.
Mas, o que vemos atualmente? A tabela oficial está sendo cumprida fielmente? Não.
Há contribuintes que estão consumindo mais do que lhes é permitido, em plausível desrespeito às medidas adotadas para que não voltemos às trevas dos últimos dias de maio. Pessoas inescrupulosas estão empregando maior quantidade de lâmpadas do que a que lhes foi concedida. Isso implica em afrontoso desrespeito às ordens emanadas da administração municipal e em prejuízo dos demais que até agora esperam que lhes seja ligada a luz em suas residências. É vergonhoso confessa-lo, mas isto é a verdade.
Urge, pois, para o caso uma medida mais enérgica, de vez que alguns não querem compreender que quando o sol nasce é para todos e que as ordens emanadas dos poderes constituídos devem ser cumpridas fielmente, desde que estabelecidas dentro do que é justo e visando o interesse da comunidade.
Assim, é natural que, uma vez que as determinações oficiais não estão sendo cumpridas nem respeitadas, a administração lance mão de medidas mais enérgicas, privando do conforto de energia elétrica as pessoas que procuram burlar a boa fé dos funcionários encarregados da fiscalização; das que dizem conformar-se com o número de velas estabelecido para cada habitação e que, depois de servidas, adaptam às suas residências a quantidade de lâmpadas que bem entendem.


NOTA: Publicado no Jornal de Santarém de 12 de junho de 1948

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