domingo, 4 de fevereiro de 2018

Desfalque na agência de Correios em Santarém – 1918

Ampliando a notícia que ontem publicamos, sobre o desfalque de 4:678$000 (quatro contos, seiscentos e setenta e oito mil réis), verificado na Agência Postal de Santarém, a cargo do sr. Sebastião Valladares de Carvalho, podemos informar ao público que o 2º Oficial, dr. Alvaro Norat, em comissão junto àquele departamento, agiu eficazmente, de modo a acautelar os interesses da Fazenda Nacional.
Em telegrama de 09 de outubro, ontem recebido pelo dr. Virgílio Cardoso, administrador dos Correios, aquele funcionário comunicou que o sequestro do único imóvel que possuía o agente peculatário traria complicações, à vista de se achar hipotecado a terceiro.

À vista disso, o dr. Norat procurou, por meios suasórios, convencer o agente a fazer a entrega do imóvel livremente à Fazenda, o que foi conseguido, desde que o credor hipotecário não relutou em abrir mão do direito que lhe assistia sobre o mesmo.
Ficou, assim, combinado, lavrar-se a respectiva escritura de transmissão de propriedade do imóvel que, desde então seria incorporado ao patrimônio da União.
Logo que recebeu o despacho aludido, o dr. Virgílio Cardoso conferenciou com os doutores Manoel Madruga e José de Serpa, delegado e procurador fiscal da Fazenda, respectivamente, sobre o processo de incorporação.
Ressarcido, assim, o prejuízo causado à Fazenda, porquanto, além do imóvel referido, o sr. Sebastião Valadares tem caucionada como garantia de sua fiança na Delegacia, uma caderneta da Caixa Econômica com 1:800$000, o sr. Administrador dos Correios julgou não ter mais lugar a prisão do agente peculatário, cuja demissão foi logo proposta em telegrama ao Diretor Geral dos Correios.
O dr. Virgílio Cardoso pensa em pedir ao Governo o prédio ora incorporado ao patrimônio nacional, para nele funcionar a Agência Postal de Santarém.

NOTA: Publicado no jornal Estado do Pará de 11 de outubro de 1918.
 

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